Começou por estudar pintura na ESBAL (1951-1953) mas abandonou o curso, encontrando no Grupo do Café Gelo (1956) o contraponto vanguardista ao ensino académico e politicamente comprometido que abominava. Vieira partiu depois para Paris, onde retomou os estudos e co-fundou o Grupo KWY (1958-1968), assimilando as linguagens abstractas e gestualistas que consolidaram o seu interesse precoce pela pintura letrista, enquanto descobria as novas práticas processuais de redefinição da própria ideia de objecto artístico. No regresso a Portugal, após um período entre a comunidade artística lusa de Londres (1964-1965), o experimentalismo torna-se a nota dominante da sua obra. Vieira usa materiais invulgares como poliuretano rígido, espumas flexíveis ou tinta de automóveis, realizando assemblages, ilustrações literárias, happenings e performances (as “acções-espectáculo”, como chamava) pioneiras no país, e transpondo poemas e letras para telas espessamente coloridas ou para objectos tridimensionais, dando origem a environments de grande escala. Os caminhos plásticos de exploração da envolvência espacial e da presença do corpo, levam-no a dedicar-se sobretudo ao teatro entre os anos 60 e 70, primeiro como cenógrafo e depois como encenador, sem nunca abandonar no entanto as experiências letristas que tanto em pinturas, instalações ou recentes obras multimédia, foram sempre um leme do seu percurso criativo. João Vieira faleceu em Lisboa aos 74 anos. (fonte: Gulbenkian Centro de Arte Moderna)